Não sou de todo mundo
Uma sutil ameaça se espraia - como diria Olívio Dutra - sobre a sociedade
e os costumes. O amor - ou o que agora chamam de amor - está liberalizado e a humanidade caminha inexoravelmente para uma
poligamia irreversível. Nunca a música Sou de Todo Mundo, dos Tribalistas, soou
tão real. O fim da
exclusividade, vem sendo vendido como a fórmula do sucesso nas relações, a receita do
“casamento” feliz. Chega -se a dizer que quem se depara com os limites impostos
pelas regras do matrimônio, sendo impedido de ir em frente quando se sente
tentado, é infeliz e toma ansiolíticos e antidepressivos. Mas esquecem de
mencionar que, “quem é de todo mundo e todo mundo é seu também”, geralmente
dorme à base de calmantes e apela para a fluoxetina para preencher o largo vazio que
tem no peito.
Adeptos afirmam que
haverá mais respeito e solidariedade nas relações quando estas forem
poligâmicas. Você consegue acreditar nisso? Eu não consigo.
Quando citam os mitos do amor
romântico, se referem a amar uma pessoa de cada vez e focar o interesse na
pessoa amada, como coisas piegas, jurássicas, a serem extirpadas da sociedade. Coisa de se
encher de culpa por se achar que é correta.
Não sou doutora no assunto e não
tenho cacife para discutir o assunto, ao menos tecnicamente. Mas sou gente e entendo que se há uma
tendência de que tal comportamento aconteça, não significa que vá acontecer de
fato. Está nas mãos das pessoas, entregarem de bandeja tudo que acreditam
certo, só porque a moda dita que agora isso é out, ou fincar pé e manter seus
valores. Faça quem assim o quiser.
Quem tiver competência e
personalidade para tanto, que faça prevalecer o que acredita Continue amando e
desejando ser amado com exclusividade. Não troque seus princípios, como quem
troca o guarda-roupa, apenas porque a moda das estampas cedeu lugar às listras. Até acredito que a novíssima
geração, crescida dentro de novos paradigmas, não tenha dificuldades em se
adaptar, mas quem passou dos quarenta com certeza, se o fizer, será para parecer
jovenzinho.
Mara Pante - jornalista
marapante@gmail.com